segunda-feira, maio 16, 2011

Dicas rápidas para os pacientes 1

Paro rapidamente o tema Anatomia para discutir alguns tópicos de interesse aos pacientes.

As doenças neurológicas se caracterizam por sintomas tão diversos como uma dor de cabeça ou uma visão dupla. A variedade de sintomas é tão vasta e complexa, que nós neurologistas temos de perguntar muitas coisas antes de chegar ou tentar chegar a um diagnóstico. E além disso, muitas vezes não nos sentimos capazes, como pacientes, de dizer exatamente o que estamos sentindo, justamente por que não sabemos explicar os sintomas ao médico. Isso acaba por dar um nó na cabeça do médico. Portanto, algumas dicas de o que pesquisar em si próprio antes de ir à consulta pode ajudar o seu médico, e a você portanto, a dar o seu diagnóstico.

1. Observe sua dor de cabeça. Verifique se ela é do tipo que pulsa (lateja), aperta, pesa, queima ou é como pontada. Isso é muito útil e auxilia no diagnóstico. Cheque se ela começou bem devagar e foi aumentando, ou se já começou bem forte. Isso ajuda no diagnóstico. Tente se lembrar do tempo que demorou para ela chegar ao máximo de dor. Veja a localização da dor, se é na frente, atrás, ou dos lados, ou atrás, acima ou abaixo do olho. Diga se ela é de um lado só ou bilateral.

2. Evite termos como "tenho dor de cabeça há um tempinho", ou "tenho essa fraqueza há bastante tempo". Essa informação é vaga demais, e não nos ajuda em nada. Bastante tempo para uma pessoa pode ser algumas semanas, e para outras alguns meses ou anos. Isso é bem diferente quando se tenta fazer diagnósticos em neurologia. Seja específico. Tente se lembrar quando exatamente, ou mais ou menos, o sintoma começou, em horas, dias, semanas, meses ou anos.

3. Seja sempre bem explicativo, diga tudo o que sente. Tente relacionar todos as queixas, em ordem de aparecimento. Por exemplo, "Há cerca de 2 semanas começou uma dor de cabeça atrás do olho esquerdo, que ia e voltava, latejava, a luz incomodava, barulho incomodava (antes não incomodava, mas agora incomoda), e a visão do olho esquerdo começou a ficar turva". Você pode dizer: "Mas espere um pouco, é tarefa do médico me perguntar isso". Certo, mas se você disser espontaneamente o que sente, sai muito mais natural, e é você que está sentindo os sintomas. Logo, ninguém melhor que o paciente para nos dar cada detalhe do que está sentindo. Mas se, de repente, nos sentirmos em dúvida, podemos interromper sua explanação para lhe perguntar algo pertinente.

Falaremos mais depois.