quinta-feira, março 29, 2012

O tremor cerebelar

Tremor é toda desordem de movimento oscilatória de uma extremidade, ou seja, o membro ou o pescoço, ou mais raramente o corpo, fica balançando de forma rítmica e oscilatória. 

Temos os mais diversos tipos de tremores, mas em geral são classificados de acordo com a situação em que ocorrem.

Temos o tremor de repouso, que ocorre quando o membro está parado, como na doença de Parkinson.

Temos o tremor postural, que ocorre quando coloca-se o membro em uma postura fixa, como com os braços estendidos, como no tremor essencial ou no tremor fisiológico exacerbado (quando bebemos álcool, quando nervosos, quando tomamos muito café ou estimulantes).

Temos o tremor cinético, que ocorre quando fazemos movimentos com os membros. Dentro dos tremores cinéticos, o mais importante é também o tremor essencial, o mais comum, e que piora quando tentamos pegar alguma coisa ou quando tentamos tocar nosso nariz. Mas um outro tipo de tremor cinético, menos frequente mas mais grave e incapacitante é o tremor cerebelar.

O cerebelo quando lesado causa, além de incoordenação, um tipo de tremor que pode acometer um lado do corpo ou um membro só (geralmente um dos braços), em geral do mesmo lado da lesão do cerebelo (se a lesão é do lado direito, o tremor é no braço direito).

A característica mais importante deste tremor é a amplitude alta (o membro balança de forma grosseira, e não de forma fina e sutil como em outras formas de tremor), a frequência baixa (o tremor é lento, diferente do tremor essencial, que é rápido), pode acometer tanto a parte mais próxima do tronco (proximal) como a mais distante do tronco (distal), piora muito com os movimentos (demais até, mas pode ocorrer com o braço em repouso), mas diferente do tremor essencial e de outras formas de tremor, onde mesmo com o tremor a pessoa consegue pegar e tocar as coisas, aqui no tremor cerebelar o braço fica incoordenado, os movimentos perdem a fluidez, a sutileza, e ficam movimentos erráticos, decompostos (o ato de tocar o dedo no nariz, ao invés de ser um arco fluido, vira um conjunto de movimentos em vários planos, não fluidos, e o dedo ao invés de tocar o nariz, não consegue tocá-lo, acaba por tocar outra parte da face, ou não chega ao nariz (chega antes, e para tocar o nariz, o paciente tem de fazer um novo movimento). Ao fato de o dedo não conseguir alcançar o objeto e o movimento acabar ficando decomposto, chamamos de hipometria. Ocasionalmente o paciente pode socar o próprio nariz na tentativa de tocá-lo, ou seja, ultrapassa o alvo, o que chamamos de hipermetria.

O paciente com este tremor não consegue pegar um simples copo ou esmaga o copo se for de plástico, não consegue tocar nas coisas sem derrubá-las ou simplesmente acaba por não alcançá-las. Isso ocorre pela perda das funções cerebelares, que se preocupam com a fluidez, com a sutileza e com a fineza dos movimentos do corpo.