quarta-feira, janeiro 16, 2013

A rigidez na doença de Parkinson

A rigidez, que geralmente acompanha a bradicinesia, é um sintoma a que o paciente se refere como endurecimento. O paciente sente que está ficando mais duro, rígido, com os braços e pernas mais endurecidos. O familiar pode observar isso também. Nota-se uma dificuldade cada vez maior de mexer os braços e pernas em toda a amplitude do movimento.

Como os sintomas anteriormente já descritos, a rigidez também se inicia de um lado da doença, geralmente do lado onde o tremor e a bradicinesia começaram, e depois acaba passando para o outro lado. Se isso acontecer, você não deve ficar assustado. Deve, sim, acalmar-se, e tentar ajudar seu médico a buscar a melhor alternativa para o seu tratamento.

A rigidez é também denominada hipertonia plástica. Bem, acredito que devamos explicar estas pequenas palavras. Inicialmente, o que é tônus muscular?

 Se uma pessoa que não tem DP, ou se um paciente com DP balançar seu braço ainda não afetado, irá verificar que o braço faz movimentos que não são nem amplos demais nem restritos demais; ou seja, o braço parece ter seu movimento controlado, mesmo que não seja movimentado. São os músculos que impedem de o braço ir longe demais, e a elasticidade das articulações e dos tecidos ao redor dela permitem que o braço balance de modo adequado. Isso é tônus, ou seja, é a resistência normal a qualquer movimento com o membro em repouso. Acontece em várias articulações do corpo, como no pescoço, coluna, braços e pernas.

Quando o tônus está diminuído, falamos em hipotonia. Quando está aumentado, falamos em hipertonia. E o que ocorre na DP é a segunda opção, hipertonia. Mas não é qualquer hipertonia. Não importa como o médico que examina o paciente mexe o braço ou perna, até que amplitude ou com que velocidade, a resistência que seus músculos do braço ou da perna vão criar contra o movimento é a mesma. Daí o nome, hipertonia plástica. Ela ocorre em qualquer parte do movimento, a qualquer velocidade.

Uma coisa interessante a respeito da rigidez, é um fenômeno conhecido como manobra em espelho. Sempre que aparece um paciente com sintomas que sugerem DP, nós médicos examinanos os dois lados, podendo começar com o lado “ruim”, o que a doença se iniciou, e comparar com o outro lado. Muitas vezes, o lado dito “bom” não demonstra a rigidez abertamente; então, precisamos fazer com que ela apareça. E uma maneira interessante é solicitar que o paciente mexa a mão ou o braço do outro lado. Esta manobra permite demonstrar que existe rigidez do outro lado, mesmo que o paciente ainda não a tenha notado. É uma manobra muito usada nos consultórios.

A DP também não é a única doença que causa rigidez. Há outras afecções neurológicas que podem cursar com rigidez. O exame da rigidez é feito solicitando-se ao paciente que relaxe o membro examinado. Daí, faz-se movimentos com a mão e o braço, repetidos, para cima e para baixo, ou para um lado e outro. Por vezes, solicita-se ao paciente que mexa o outro braço quando a rigidez não é aparente (manobra do espelho, já discutida antes). Este exame deve ser repetido no outro braço, nas duas pernas e no pescoço.

Muito bem, agora você já conhece os três sintomas mais importantes da DP, a chamada tríade parkinsoniana (tremor, bradicinesia e rigidez). Já sabemos que não é só a DP que apresenta esses sintomas. Como já dito na introdução, há outras doenças que podem apresentam estes sintomas. Estas doenças são denominadas parkinsonismos atípicos ou parkinsonismos “plus”, este último nome já ultrapassado, e englobam pelo menos três doenças que parecem DP, mas não são, pois podem ter uma evolução mais curta e responder menos às medicações.

Estas doenças devem ser diferenciadas da DP, e a única maneira de fazer isso é através da história do paciente, acompanhada de um exame de imagem (em geral, uma ressonância magnética do crânio) normal: Há quanto tempo a doença começou? De que lado a doença começou, ou começou dos dois ao mesmo tempo?, O que predomina na doença, o tremor, a rigidez ou a bradicinesia? Há outros familiares afetados? A doença responde à levodopa (que é a melhor medicação para controlar a DP)? E outras questões que o médico deve fazer a você e a seus parentes.

Fora isso, a evolução da doença é muito importante para se fazer o diagnóstico. Não é fácil dizer se um paciente tem DP ou não. Às vezes, leva-se tempo. Portanto, se seu médico ainda está em dúvida, não fique impaciente com ele. Ajude-o, observando todos os sintomas, sua evolução e a sua resposta à medicação, para que o diagnóstico seja feito mais rápido.