segunda-feira, outubro 28, 2013

Sobre o cérebro e suas conexões



O cérebro humano alcançou um desenvolvimento ímpar na natureza. A capacidade única de decidir pela própria vida sem depender dos instintos e de pistas da natureza, além da linguagem verbal, são o que nos distingue dos outros animais. 

Paralelo a estas conquistas da evolução, possuímos uma malha neuronal intrincada e complexa, que une várias regiões cerebrais e é capaz de relacionar de forma elegante e duradoura sensações tão díspares como odores, toques, visões e sons. Os traços cerebrais gerados a partir destas sensações externas unem-se ao prazer, à alegria, ao medo, à dor, formando memórias que, mais do que servindo como uma forma de preservar nossa vida, como deveria ser no passado mais remoto, nos fornecem uma história, algo que entre os animais, pelo menos conscientemente, somente o ser humano possui. 

Os tipos de células que abundam no sistema nervoso é imenso, entre neurônios (cerca de 10 mil tipos entre neurônios sensitivos, motores e interneurônios, que realizam a conexão entre neurônios, modulando seus estímulos, segundo o site http://www.mind.ilstu.edu/curriculum/neurons_intro/neurons_intro.php) e células de suporte (os astrócitos), de mielinização neuronal (os oligodendrócitos no sistema nervoso central e as células de Schwann no sistema nervoso periférico) e de defesa (a micróglia). 

Maior ainda, e principalmente o motivo da grande diversidade de informações que pode ser trocada entre as várias regiões cerebrais, são as sinapses, as conexões entre neurônios, presentes em todos os organismos que possuem malhas neuronais. Sinapses são entidades biológicas complexas, variadas e incrivelmente organizadas. Um único neurônio pode fazer centenas a milhares de sinapses com vários outros neurônios ao seu redor. De acordo com um estudo publicado na revista Cerebral Cortex em 1999 (http://cercor.oxfordjournals.org/content/9/7/722.full.pdf+html), DeFelipe e colaboradores estimaram o número de sinapses como cerca de 1,508,000,000 a 1,626,000,000 (isso mesmo, chega à casa dos bilhões) em cada milímetro cúbico (mm³) de volume cerebral. Levando-se em conta que o cérebro humano adulto possui volume médio de 1400 ml, ou 1,400,000 mm³, podemos ter mais de 2 quatrilhões de sinapses (isso em um único cérebro) (http://faculty.washington.edu/chudler/facts.html). Lembre-se de que temos cerca de 300 bilhões de estrelas em nossa galáxia. Logo, somente em seu cérebro, há mais sinapses que estrelas no céu, e seu cérebro ainda ganha de disparada. E levando-se em conta que temos cerca de 100 bilhões de neurônios em um único cérebro, cada neurônios faria, em média, 2,300,000 sinapses. 

Além do cérebro, o sistema nervoso conta com estruturas de apoio, que comunicam a grande rede neuronal cerebral com o meio ambiente. Através de suas ramificações, o cérebro lê, com extraordinária exatidão, e interpreta os mais variados tipos de estímulos, e reage a eles e/ou lhes dá a carga emocional necessária. As estruturas que servem como a ligação do cérebro com o meio são a medula espinhal e os nervos, além dos órgãos dos sentidos. O modo de comunicação entre estas estruturas e o cérebro baseia-se na mesma forma de comunicação entre os inúmeros neurônios cerebrais, estímulos elétricos, modulados, intervalados, aumentados ou diminuídos, de forma a propagar a informação de forma fidedigna. 

Não é surpresa, pois, considerar o cérebro a última fronteira do conhecimento humano sobre si próprio. Não que saibamos tudo sobre o resto de nosso corpo, muito pelo contrário. Mas a imponência do cérebro associada à sua aparente intangibilidade nos remete aos segredos mais bem guardados, ao El Dorado tão almejado pelos conquistadores, ao oceano mais distante e mais belo.

E tudo isso, toda essa complexidade, toda essa rede extensa e maravilhosamente organizada de células que se intercomunicam de forma orquestrada, toda essa rede sináptica que soma números estratosféricos, existe aí dentro de sua cabeça.