terça-feira, abril 08, 2014

Insônia e risco de derrame - mais evidências

Notícia tirada do site Medscape Neurology (link) e traduzida livremente para o Blog Neuroinformação. 

Insônia ligada a aumento do risco de AVC (derrame)


Mais evidências de que insônia aumenta o risco de AVC vêm de resultados de um grande estudo populacional publicado na importante revista Stroke, neste mês de abril (link).

Pesquisadores revisaram os registros médicso da população de Taiwan e compararam os índices de AVC durante 4 anos em 21438 pacientes com diagnóstico de insônia e 64314 pessoas sem insônia, sem diferenças entre sexo e idade entre os dois grupos.

Os resultados mostraram que no geral, pessoas insones tiveram 85% mais chance de ter um derrame. Esse risco diminuiu para 54% após o ajuste estatístico de alguns fatores. O efeito parecia maior em pessoas jovens, com pessoas insones entre 18 e 34 anosd e idade tendo um risco 8 vezes maior de um derrame que pessoas da mesma variação etária sem insônia. 

O autor do estudo afirma que a insônia não deve ser encarada como algo benigno, e sem maiores riscos à saúde. Pessoas, especialmente jovens, com insônia crônica devem procurar auxílio médico para checar seus riscos de AVC, e realizar tratamento quando apropriado. Também, o autor demonstra a importância de checar na história clínica dos pacientes que adentram os consultórios a história de insônia, especialmente em indivíduos mais jovens (geralmente considerados menos propensos à insônia). 

Este estudo segue a linha de vários outros estudos que demonstram a importância de hábitos saudáveis de sono. 

Durante o estudo de 4 anos, 583 participantes com insônia e 962 sem insônia foram admitidos com derrame em Taiwan. Insônia relacionou-se a qualquer tipo de derrame, isquêmico (falta de sangue em determinada área do cérebro) ou hemorrágico (extravasamento de sangue para dentro do cérebro). 

Mais, a associação entre insônia e AVC diminui com a idade, sendo mais frequente essa associação em pessoas mais jovens, geralmente com menos fatores de risco como pressão alta e diabetes. (N.T.:O que temos observado, no entanto, é um aumento da incidência de derrame em pessoas abaixo dos 40 anos de idade, especialmente por maus hábitos de vida, como fumo, uso em excesso de álcool, sedentarismo, má alimentação e obesidade).

Aqueles pacientes com insônia por mais de 6 meses tiveram os maiores riscos de derrame. Claro que outros fatores associaram-se ao aumento no risco de derrame, como idade avançada, diabetes, pressão alta, fibrilação atrial (leia sobre o que é fibrilação atrial aqui), e baixo nível sócio-econômico. 

O porquê da associação entre insônia e derrame não é completamente entendido, mas evidências demonstram que a insônia pode alterar a saúde cardiovascular através de inflamação dos vasos, prejuízo da tolerância à glicose (risco de diabetes), e aumento da pressão arterial. Falta de atividade física, uso de álcool, dieta desregrada, fumo, e estresse podem piorar esta relação. 

Ou seja, temos de diagnosticar e tratar a insônia, especialmente em indivíduos jovens.